Aos Psicólogos: É uma honra!
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São todos os diálogos – e dialéticas – que nos formam e nos transformam,
que nos afetam – muito além de teorias – como sujeitos passados,
presentes e futuros, (re)significando, todo santo dia, essa semente de
paixão, saber e ética. Que esse dia e essa semana representem a nossa (des)construção! À nossa missão, a nossa honra e a nossa utopia!
Relembrando as palavras de Maria Rita Kehl no seu texto sobre O Compromisso Social da Psicologia, “Quero aqui fazer
a defesa de uma formação inquietante e que ensine a perguntar. (...)
Perguntar sempre coisas à realidade; perguntar sempre à teoria. Não
podemos, como pessoas de formação denominada superior, nos satisfazermos
com o óbvio. A ciência é um processo de pensamento que vai para além da
aparência, do empírico, do visível. (...) Por tudo isso, defendemos uma
formação em Psicologia que seja marcada pela ciência e pela pesquisa.
Defendemos uma concepção de profissão que não se limita ao saber aplicar
bem conhecimentos prontos (isso é uma formação técnica). Defendemos uma
profissão como um exercício permanente de busca de explicações sobre a
realidade. Precisamos entender que profissão não é apropriação de um
saber; profissão é apropriação de um saber e de uma postura crítica que
não permite a satisfação plena com o que se sabe.”
Que possamos superar todos os limites e barreiras advindos das mudanças, sem deixar de lado – nem por um momento
– nossa ética e senso de justiça, pondo-nos, sempre que necessário, na
contramão à sociedade capitalista, exclusiva e injusta em que ainda
vivemos. Que nossa união e nossa paixão pela humanidade nos dê força
para nos mantermos em luta, enquanto vivermos, pela garantia de inclusão
social e direitos humanos; que possamos usar nossas habilidades
técnicas desenvolvidas para elaborar intervenções com posturas
investigativas, tornando-nos profissionais participativos e eticamente
responsáveis perante a sociedade.
Que possamos também nos trabalhar internamente para sermos capazes de
intervir humanamente no sofrimento alheio, sem misturar nossos conteúdos
com os do Outro. Isso é ética. Tão básico quanto isso é que
nosso dever de nos libertar de todos os nossos preconceitos,
dissolve-los até que não mais julguemos, não mais mensuremos o que é
certo e o que é errado, pois não somos juízes!
Que nunca nos esqueçamos que trabalhamos com a saúde, não com a moral.
Que possamos, então - além das nossas dificuldades - ver além,
tornando-nos capazes de compreender e acolher... Para que não
menosprezemos o que para o outro é importante, mesmo que tudo em que ele acredite fira nossos princípios! Que
possamos ser esse sujeito amoral, a disposição de outro, que tem suas
próprias crenças, sua própria história, sua própria vida, seus próprios
valores – diferentes ou não dos nossos; que essa diferença, para nós, se torne indiferente. Que nos habituemos, então, a ficar atentos para separar nossas verdades da verdade do outro. Isso é respeito.
Gostaria de encerrar expressando minha satisfação de ter a oportunidade,
nessa vida, de poder estudar essa ciência tão linda e encantadora, que
nos transforma e desconstrói a cada dia! Parabéns a todos que tem a
honra de exercer na prática todo esse nosso compromisso social.
Por fim, deixo as palavras da mestre M. R. Kehl: “É preciso colocar a
Psicologia a serviço da sociedade; é preciso colocar a Psicologia a
serviços da construção de um mundo melhor, de condições de vida digna,
de respeito aos direitos humanos e da construção de políticas públicas
que possam oferecer Psicologia a quem dela tiver necessidade. É preciso
trazer a Psicologia para fazer a leitura desta dimensão e contribuir com
isto para a transformação da dura realidade desigual de nosso país.”
Fonte:http://www.psicosmica.com/2014/08/aos-psicologos-e-uma-honra.html#more