A pesquisa do CFM / Cremesp responde cientificamente a importantes
questões para o futuro da saúde e da Medicina no Brasil. O documento –
que está disponível no site do Cremeb (http://www.cremeb.org.br) – será
encaminhado, a nível nacional, às lideranças do movimento médico, aos
parlamentares, aos gestores públicos e privados, a especialistas em
ensino e trabalho, e entregue formalmente aos ministros da Educação,
Fernando Haddad, e da Saúde, Alexandre Padilha. O levantamento serve
como subsídio para a formação de políticas públicas.
Na Bahia, há 15,1 postos de
trabalhos médicos ocupados em estabelecimentos privados para cada mil
usuários de planos de saúde. Número que reduz para 1,2 posto ocupado -
considerando todos os tipos de vínculos empregatícios - quando se trata
do atendimento à população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS). Ou
seja, usuários do SUS na Bahia encontram uma quantidade de médicos 12,5
vezes menor do que os pacientes da assistência privada – pior índice se
comparado com todos os outros estados brasileiros.
A distorção se repete no cenário nacional, mas em proporção
muito menor do que no estado baiano: em média usuários do SUS no Brasil
têm quatro vezes menos médicos do que no setor privado. Os dados fazem
parte da pesquisa
Demografia Médica no Brasil: dados gerais e descrições de
desigualdades, desenvolvida em parceria entre o Conselho Federal de
Medicina (CFM) e Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo
(Cremesp).
O resultado do estudo inédito, divulgado nesta quarta-feira
(dia 30/11), não mostra se há sobra ou falta de médico nos estados, uma
vez que para constatar a deficiência é preciso considerar outros
fatores, como demanda por atendimento, qualidade de vida e desenvolvimento
do local. A pesquisa lembra que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) não recomendam nem
estabelecem taxas ideais de índice desejável de médicos por habitante.
No entanto, os números ilustram que as distorções precisam
ser consideradas por qualquer política pública de incentivo à “ocupação
médica”, pois o simples aumento no número de profissionais em regiões
desassistidas pode ter efeito inverso: inflar o número de médicos à
disposição do setor privado e agravar a desigualdade no acesso à assistência médica.
“Sem dúvida alguma as políticas públicas ineficientes têm
demonstrado que os médicos estão perdendo interesse em atender pelo SUS.
A remuneração está muito aquém do que o setor privado oferece, embora o
setor privado também esteja remunerando mal. Isso no sistema
capitalista leva os profissionais a procurarem o mercado que melhor lhe
atenda”, pontua o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado
da Bahia (Cremeb), Conselheiro José Abelardo de Meneses.
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