Oficina da Psicologia: Guia contra a insegurança
Quando falamos de insegurança, necessariamente falamos de dúvida
quanto à nossa capacidade para lidar com situações que estão para
acontecer. Uma estimativa de pesos, portanto: quanto “pesa” esta
situação que estou a considerar, por um lado, e quanto “pesa” o que
conheço dos meus recursos internos adequados para lidar com essa
situação.
[Por Madalena Lobo, Psicóloga Clínica]
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E, conceptualizado assim, levantam-se logo duas questões. Se estamos a
proceder a uma estimativa, há uma dose de incerteza elevada – ou seja,
trata-se de uma mera projeção, resultado de uma análise, mais ou menos
realista, daquilo que conhecemos do nosso passado em situações
semelhantes (ou não) e do que julgamos que vá ser o desafio com que
temos de lidar.
E, como qualquer estimativa, pode falhar redondamente! “Acho que não
sou capaz” é algo em que devemos ouvir atentamente a palavra “acho” e
completá-la com “mas, de facto, não sei”. Manter a consciência de que,
apenas pela experiência concreta é que poderemos aferir os resultados
reais, abre-nos as portas a uma curiosidade saudável que é base do
crescimento individual, e coloca-nos numa lógica de decisão que favorece
o rumo “em caso de dúvida, avanço”.
Assim, a primeira questão quando surgem temas de (falta de)
autoconfiança é lembrarmo-nos que se baseiam em previsões quanto ao
futuro, que são tão falíveis quanto apenas uma previsão pode ser.
Mas após este raciocínio, e porque a parte intelectual e a emocional
são parceiros que nem sempre se escutam mutuamente nem concordam um com o
outro, permanece a sensação de insegurança. E ninguém gosta de avançar
sentindo a falta de confiança em si próprio a morder-lhe os tornozelos.
Por isso, o mais comum, é justificarmos a inação com esta sensação de
insegurança - “eu não me sinto capaz, por isso não avanço” – e
começarmos à procura de uma forma de aumentar a autoconfiança ou mesmo
fazer desaparecer a sensação de insegurança.
Ora, o cérebro é um bocadinho teimoso; por exemplo, insiste em ser conservador quando avalia as situações – vai ao nosso reservatório de memórias conferir se existe alguma experiência igual e, não a encontrando, ou encontrando algo de semelhante mas com resultados duvidosos, assume a atitude desconfiada de que é provável não sermos capazes de lidar com o desafio que se nos coloca.
Ora, o cérebro é um bocadinho teimoso; por exemplo, insiste em ser conservador quando avalia as situações – vai ao nosso reservatório de memórias conferir se existe alguma experiência igual e, não a encontrando, ou encontrando algo de semelhante mas com resultados duvidosos, assume a atitude desconfiada de que é provável não sermos capazes de lidar com o desafio que se nos coloca.
E, por isso, sentimo-nos inseguros perante qualquer situação que saia
um bocadinho que seja da nossa experiência passada ou que se assemelhe a
algo que teve resultados que não sentimos como bons para além de
qualquer dúvida. E apenas voltamos à tranquilidade quando desistimos ou
depois de descobrir na prática que, afinal, fomos capazes.
Então, o segundo tema importante no que diz respeito à auto-confiança,
refere-se à necessidade de irmos criando tolerância para a sentir, sem
que isso nos impeça a passada do caminho em frente, em vez de pararmos
para tentar eliminá-la ou reduzi-la como condição necessária antes de
prosseguir.
Deixo-lhe um guia de navegação contra a insegurança:
• Reconheça que é natural e mesmo saudável que a auto-confiança não seja uma convidada habitual da vida
• Tire uns
segundos para respirar tranquila e profundamente, porque a insegurança é
desagradável e é sempre bom libertar a tensão emocional e cuidar de si
próprio com gentileza e bondade
• Enfrente
a situação que lhe está a provocar insegurança, olhando-a directamente
nos olhos, colocando numa caixinha mental tudo o que são estimativas
pessoais e subjectivas e, noutra, tudo o que são factos inquestionáveis
• Tome uma
decisão racional, com base numa análise de custos e benefícios reais,
em relação a prosseguir ou optar por outro curso de acção
• Reconheça
a insegurança que em si perdura, se optar por avançar, e leve-a
consigo, como quem leva um amigo conservador capaz de ir conversando
connosco e nos modular os excessos da confiança
E, como nota final, vá recordando que o ser humano é capaz dos maiores
feitos, mesmo perante adversidades, por vezes, inimagináveis e conta
com reservas e recursos que apenas precisam da acção do primeiro passo
para se mostrarem em toda a sua força e qualidade. Você, eles, eu, nós –
somos muito capazes! Mesmo quando sentimos que não, porque o sentir nem
sempre tem razão.
Fonte:http://boasnoticias.clix.pt/noticias_Oficina-da-Psicologia-Navegar-contra-a-inseguran%C3%A7a_15031.html#.UU5YIlfhiGo
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