sábado, 9 de março de 2013

Psicopatologias

Tipos de psicopatologias

por: Colunista Portal
O ser é construído pela experiência particular de cada sujeito
O ser é construído pela experiência particular de cada sujeito
• Psicopatologia descritiva versus Psicopatologia dinâmica

Para a descritiva interessa fundamentalmente a forma das alterações psíquicas, a estrutura dos sintomas, àquilo que caracteriza a vivência patológica como sintoma mais ou menos típico. Para a dinâmica interessa o conteúdo da vivência, os movimentos internos dos afetos, desejos e temores do indivíduo, sua experiência particular, pessoal, não necessariamente classificável em sintomas previamente descritos. A boa prática em saúde mental implica uma combinação hábil e equilibrada de uma abordagem descritiva, diagnóstica e objetiva e uma abordagem dinâmica, pessoal e subjetiva do doente e sua doença.

• Psicopatologia médica versus Psicopatologia existencial

A perspectiva médico-naturalista trabalha com uma noção de homem centrada no corpo, no ser biológico como espécie natural e universal. Assim, o adoecimento mental é visto como um mau funcionamento do cérebro, uma desregulação, uma disfunção de alguma parte do “aparelho biológico”. Já na existencial, o doente é visto principalmente como “existência singular”, como ser lançado a um mundo que é apenas natural e biológico na sua dimensão elementar, mas que é fundamentalmente histórico e humano.

O ser é construído pela experiência particular de cada sujeito, na sua relação com outros sujeitos, na abertura para a construção de cada destino pessoal. A doença mental não é vista tanto como disfunção biológica ou psicológica, mas, sobretudo, como um modo particular de existência, uma forma trágica de ser no mundo, de construir um destino, um modo particularmente doloroso de ser com os outros.

• Psicopatologia comportamental-cognitivista versus Psicopatologia psicanalítica

No enfoque comportamental, o homem é visto como um conjunto de comportamentos observáveis, verificáveis, regulados por estímulos específicos e gerais, bem como por certas leis e determinantes do aprendizado. Associada a essa visão, a perspectiva cognitivista centra atenção sobre as representações cognitivistas conscientes de cada indivíduo. As representações conscientes seriam vistas como essenciais ao funcionamento mental, normal e patológico. Os sintomas resultam de comportamentos e representações cognitivas disfuncionais, aprendidas e reforçadas pela experiência sociofamiliar.

Na visão psicanalítica, o homem é visto como ser “determinado”, dominado por forças, desejos e conflitos inconscientes. A psicanálise dá grande importância aos afetos que, segundo ela, dominam o psiquismo; o homem racional, autocontrolado, senhor de si e de seus desejos é, para ela, uma enorme ilusão. Na visão psicanalítica, os sintomas e as síndromes mentais são considerados formas de expressão de conflitos, predominantemente inconscientes, de desejos que não podem ser realizados, de temores a que o indivíduo não tem acesso.

O sintoma é aceito, nesse caso, como uma “formação de compromisso”, certo arranjo entre o desejo inconsciente, as normas e as permissões culturais e as possibilidades reais de satisfação desse desejo. A resultante desse emaranhado de forças, dessa “trama conflitiva” inconsciente é o que identificamos como sintoma psicopatológico.

• Psicopatologia categorial versus Psicopatologia dimensional

As entidades nosológicas ou transtornos mentais específicos podem ser compreendidos como entidades completamente individualizáveis, com contornos e fronteiras bem demarcados. As categorias diagnósticas seriam “espécies únicas”, tal qual espécies biológicas, cuja identificação precisa seria uma das tarefas da psicopatologia.

Em contraposição a essa visão “categorial”, a visão “dimensional” em psicopatologia seria hipoteticamente mais adequada à realidade clínica. Haveria, então, dimensões como, por exemplo, o espectro esquizofrênico, que incluiria desde formas muito graves, tipo “demência precoce” (com grave deterioração da personalidade, embotamento afetivo, muitos sintomas residuais), formas menos deteriorantes de esquizofrenia, formas com sintomas afetivos, chegando até o polo de transtornos afetivos, incluindo formas com sintomas psicóticos até formas puras de depressão e mania.

Psicopatologia biológica versus Psicopatologia sociocultural

A psicopatologia biológica enfatiza os aspectos cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das doenças e sintomas mentais. A base de todo transtorno mental são alterações de mecanismos neurais e de determinadas áreas e circuitos cerebrais. Doenças mentais são (de fato) doenças cerebrais.

Em contraposição, a perspectiva sociocultural pretende estudar os transtornos mentais como comportamentos desviantes que surgem a partir de determinados fatores socioculturais, como a discriminação, a pobreza, a migração, o estresse ocupacional, a desmoralização sociofamiliar e outros.

Os sintomas e síndromes devem ser estudados, segundo tal perspectiva, no seu contexto eminentemente sociocultural, simbólico e histórico. É nesse contexto de normas, valores e símbolos culturalmente construídos que os sintomas recebem seu significado e, portanto, poderiam ser precisamente estudados e tratados. Mais que isso, a cultura, nessa perspectiva, é elemento fundamental na própria determinação do que é normal ou patológico na constituição dos transtornos e nos repertórios terapêuticos disponíveis em cada sociedade.

• Psicopatologia operacional-pragmática versus Psicopatologia fundamental

Na visão operacional-pragmática, as definições básicas dos transtornos mentais e dos sintomas são formuladas e tomadas de modo arbitrário, em função de sua utilidade pragmática, clínica ou para pesquisa. Não se questiona a natureza da doença ou do sintoma ou os fundamentos filosóficos ou antropológicos de determinada definição. É o modelo adotado pelas modernas classificações de transtornos mentais: o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4ª edição (DSM-IV), da Associação Americana de Psiquiatria e a Classificação Internacional de Doenças, versão número 10 (CID-10), da OMS.

O projeto de psicopatologia fundamental, proposto pelo psicanalista francês Pierre Fedida, objetiva centrar a atenção da pesquisa psicopatológica sobre os fundamentos de cada conceito psicopatológico. Além disso, tal psicopatologia enfatiza a noção de doença mental enquanto pathos, que significa sofrimento, paixão e passividade. O pathos é um sofrimento/paixão, que ao ser narrado a um interlocutor, em determinadas condições, pode ser transformado em experiência e enriquecimento.

Ficará a cargo do profissional, ao avaliar seu cliente, estabelecer critérios e os momentos corretos de escolha da melhor escola psicopatológica. A maioria das psicopatologias tem início com os distúrbios mais clássicos de nossa manutenção vital, o sono. É comum encontrar como queixa principal esta observação do paciente ou parceiro (a), família, amigos e outros.

Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 900 cursos online com certificado
http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/33522/tipos-de-psicopatologias#ixzz2N6IIjyQV

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