Matheus Oliver Quarta-feira 16/10/13
Alzheimer (Alois Alzheimer, neurologista alemão que primeiro descreveu essa patologia)
A primeira substância química capaz de evitar a morte do tecido cerebral em uma doença que causa degeneração dos neurônios.
Ainda são necessárias mais pesquisas
para desenvolver uma droga que possa ser usada por doentes. Mas os
cientistas dizem que um medicamento feito a partir da substância poderia
tratar doenças como Alzheimer, Mal de Parkinson, Doença de Huntington,
entre outras.
O jornal britânico The Times anunciou "Cura para o Alzheimer 'está ao alcance'" na primeira página. O The Independent saiu com "Cientistas comemoram descoberta histórica na guerra contra o Alzheimer".
Apesar de não se tratarem de manchetes novas,
uma grande diferença desta vez é que cientistas cautelosos estão
sugerindo que a última descoberta pode ser realmente histórica.
Quase todas as notícias publicadas sobre o assunto têm uma frase do professor Roger Morris, do King's College de Londres.
"Suspeito que esta descoberta será julgada pela
história como um momento decisivo na busca de medicamentos para
controlar e evitar o Alzheimer", disse o cientista.
Momento importante
A fonte primordial de tanta animação é que a
substância química descoberta suspendeu a morte de células do cérebro em
um cérebro vivo, que, de outra forma, teria morrido devido a uma doença
neurodegenerativa.
Quando entrevistei o professor Morris na noite de quarta-feira, ele usou a palavra "marco" várias vezes.
No estudo do Conselho de Pesquisa Médica na
Universidade de Leicester, foram usados camundongos com uma doença
semelhante à forma humana da doença da vaca louca. Dentro de oito
semanas, os cérebros dos camundongos se deterioraram tanto que a memória
e os movimentos estavam afetados. Na 12ª semana, os camundongos estavam
mortos.
Mas, quando outros camundongos infectados com a
mesma doença receberam um "composto parecido com medicamento", eles
sobreviveram às 12 semanas sem sinais de morte de tecido cerebral. A
substância química também causou efeitos colaterais como perda de peso e
diabetes.
Outra fonte de otimismo são as implicações desta descoberta.
A substância química ajuda o cérebro a lidar com
a produção de proteínas defeituosas. O Alzheimer tem uma proteína
deformada específica, assim como o Mal de Parkinson e a Doença de
Huntington.
A resposta do cérebro a todas estas doenças é
suspender a produção de proteínas, mas isto acaba matando as células do
cérebro. A substância química descoberta ajuda as células do cérebro a
ignorar estas proteínas deformadas, e a continuar funcionando, vivo.
Traços em comum
No passado, a pesquisa em doenças
neurodegenerativas se concentrou no que era único àquelas doenças. Esta
abordagem analisa o que todas têm em comum. E, se a descoberta realmente
funcionar, então levanta a possibilidade de um único medicamento para
curar ou evitar quase todas as formas de neurodegeneração.
"Se (a substância) paralisa a degeneração do
cérebro, vai parar a doença em pessoas que já têm. E se podemos detectar
a doença cedo, vai evitar muita degeneração", afirmou Giovanna
Mallucci, que liderou a pesquisa.
"A esperança é deter a morte de células do cérebro e isto é o que é tão animador", acrescentou.
Vale destacar que as descobertas precisas do
estudo, uma substância química tóxica que os pesquisadores sequer chamam
de medicamento, paralisa a morte de células do cérebro em camundongos.
Claramente, isto não é uma cura, mas abre caminho para uma. Dá às companhias farmacêuticas e cientistas algo para trabalhar.
Este processo levará tempo, provavelmente mais de uma década, sem garantias de sucesso no final.
Exemplos
Na história recente da pesquisa médica há muitos
exemplos de medicamentos que pareciam promissores em camundongos, mas
acabaram decepcionando quando testados em humanos.
Esta substância química funciona em um cérebro
de camundongo, que tem 75 milhões de neurônios. Um cérebro humano, mais
complexo e com 85 bilhões de neurônios, é muito diferente.
Simon Ridley, chefe do setor de pesquisa da
organização de caridade britânica especializada em Alzheimer,
Alzheimer's Research UK, disse à BBC que os pacientes terão que esperar
muito.
"Temo que (a espera) será mais longa do que
qualquer um de nós gostaria. Acredito que há muitas pessoas que estão
desesperadas por qualquer notícia sobre novos tratamentos, que eles
gostariam de fazer hoje", afirmou.
"Acho que neste estágio poderíamos esperar uma década antes de sabermos se será eficaz", acrescentou.
Fonte:BBC Brasil, http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/10/131012_alzheimer_cura_analise_fn.shtml
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