Durante
muito tempo acreditou-se que o ser humano vem ao mundo qual se fora uma
folha de papel em branco, uma tábula rasa, e que a imitação em relação
ao que via, ao que experimenta, a iniciar pelos pais que lhe vertiam os
conhecimentos e aprendizagem das impressões que deveria repetir depois.
Porém, não somente a tecnologia tem sofrido seus avanços de
inexorável valor perante aos que dela vem aprendendo a usá-la em seu
próprio benefício e em prol da humanidade; mas outros “campos” vêm
sofrendo também alterações e complementações de grande valor: o estudo
minucioso sobre o ser em sua plenitude torna-se um vasto campo de
pesquisas dentro da medicina, da psicologia humanista e transpessoal, da
psicanálise, psicobiologia, física quântica e outras Ciências afins.
Aprofundando-se mais a sonda no cerne do ser, contata-se que
todo esse complexo de energia procede do Espírito que a exterioriza
conforme o seu padrão evolutivo, produzindo emoções superiores ou
inquietantes de que tem necessidade no campo do crescimento moral.
A depressão deixou de ser vista apenas pelo âmbito do físico;
mas estudiosos da conduta psicológica constatam que é possível à
felicidade, porque existem fatores fisiológicos que a propiciam e
referem-se ao milagre da dopamina, o neuropeptídeo que fomenta e produz.
Experiências cuidadosas com tomografia computadorizada
apresentam as áreas cerebrais onde se situam a felicidade e a
infelicidade, resultado das emoções e dos fenômenos físicos produzidos
pela dopamina, bem como por outras substâncias, assim confirmando a tese
de natureza orgânica.
Um sentimento qualquer envia impulsos, procedentes do tronco
cerebral, ao cerebelo que os processa e envia aos músculos como ordens,
permitindo que o diencéfalo entre em ação, propiciando a excitação
emocional, de modo que o córtex ative as circunvoluções na área frontal,
transformando as emoções em atitudes e realizações objetivas. Ocorre,
desse modo, todo um processo eletroquímico, através do qual o sentimento
estimula as áreas próprias que o transformam, conduzem e materializam.
É fácil, portanto, compreender-se que o ser humano é todo um
feixe de emoções que necessitam ser bem direcionadas, e que a educação, o
conhecimento, o exercício se encarregam de transformar em vivências.
Dentro desse contexto de grande complexidade, um diagnóstico
não deve ser encerrado num tempo limitado por visão “limitada” de
qualquer que seja o profissional da saúde que investiga àquele que sofre
e que nos procura para ajudá-lo a compreender a si mesmo e o conjunto
de sintomas, que pode nos dar uma melhor visão, para fornecimento de um
diagnóstico inicial; mas nunca definitivo.
É imprescindível que se olhe não apenas pela visão organicista
e acadêmica; mas, necessário se faz, que aprendamos a ouvir e ver o
paciente através dos olhos da alma. Que não nos precipitemos no
diagnóstico; pois, com certeza, o próprio paciente se incumbirá de nos
apresentar a “raiz” ou origem de sua “possível” depressão.
Sem ouvir atentamente a história do paciente, torna-se
impossível dar a ele qualquer ajuda. Ao invés dos enfretamentos dos
problemas com naturalidade, determinadas predisposições emocionais
impedem a aceitação das ocorrências mais exaustivas, produzindo um
mecanismo automático escapista, mediante o qual parece livrar-se da
dificuldade, quando, apenas a posterga.
A depressão, muitas vezes, é a fuga de uma dor real em que o
paciente ou seu consciente não está, ou pensa que não está pronto para
enfrentá-lo. Tão natural e repetitivo se faz esse fenômeno, que o
paciente deixa-se mascarar por fatores opressivos (raiz da depressão)
que terminam por vencê-lo.
Não poucas vezes, diante dos grandes desafios para os quais o
indivíduo não se sente equipado, por lhe faltarem os recursos hábeis
para os arrostar, foge para atitudes levianas (nesse ponto a depressão
funciona como fuga e busca de auto piedade) e irresponsáveis como se
estivesse agindo de forma correta.
Alguns estados pré-depressivos igualmente decorrem da
incapacidade de serem resolvidos os desafios existências, facultando ao
indivíduo esconder-se no medo que o leva ao mutismo, ao afastamento do
convívio social e familial, em uma forma de poupar-se a qualquer tipo de
sofrimento, uma ilusão que o leva a mais sofrimento.
Muito curioso tal mecanismo de fuga, tendo-se em vista que o
enfermo vai defrontar-se com aquilo que gostaria de evitar, desde que se
torna infeliz, inseguro, no refúgio perigoso em que se homizia.
Evidentemente, com o transcorrer do tempo aumenta a insatisfação com a
existência e desce ao abismo da depressão psicológica, ensejando ao
organismo, pelo impacto contínuo da mente receosa, perturbação nas
neurotransmissões em decorrência da ausência de serotonina e
noradrenalina.
Não posso negar, até mesmo por experiência própria, que um
grande desencadeador da depressão é o álcool, que impede a produção de
hormônios regulador do humor e abre as portas para o processo obsessivo,
auto obsessivo e fuga da realidade.
Ninguém cresce ou se desenvolve em estado de paralisia e a
depressão é um desses caminhos de aniquilamento do ser em sua busca
constante de si mesmo.
Após um minucioso estudo da história do paciente pode-se
chegar a um diagnóstico mais aproximado sobre seu estado físico e
psicológico, sem que percamos a visão holística do ser e a certeza que
todo indivíduo trás em sua bagagem espiritual o “germe” ou predisposição
ao processo depressivo. Desamor a si mesmo.
A depressão nasce no Espírito, se desenvolve na mente
(pensamentos e emoções) e, quando não tratada, desemboca no corpo físico
através dos terríveis sintomas.
O prognóstico, portanto, pode ser iniciado com uma medicação
apropriada para ajudar o paciente diante dos sintomas, um tratamento
psicológico/psicoterápico com um profissional especializado nessa área
(depressão X ansiedade) com uma visão holística do ser, e tratamento
espiritual – que nada tem a ver com religião; mas com a Ciência
Espiritual.
Esse primeiro passo é mostrar ao paciente a sua capacidade de
curar-se e retornar a vida “normal”, haja vista que o próprio indivíduo
perde a autoestima e considera-se incapacitado para quaisquer
realizações que lhe exigem esforço, acostumado conforme se encontra a
desistir diante de qualquer mobilização de forças físicas, morais e
intelectuais.
Alertar ao paciente de que a medicação vai lhe ajudar a
levantar, mas não vai curá-lo da depressão, pois sabemos que ainda não
descobriram uma medicação capaz de curar a depressão, uma vez que cada
indivíduo que “desperta” a depressão em si, advindo de fatores
diferenciados e de acordo com sua conduta perante a vida e o viver.
Embora passem por sintomas semelhantes e desencadeiam de igual semelhança
os fatores orgânicos, a verdadeira origem é individual.
Saúde mental, emocional, espiritual, por extensão, física
também, será sempre o resultado do equilíbrio psicofísico que deve viger
nos indivíduos que se trabalham interiormente, cultivando o otimismo, o
amor por si e pelo próximo e a confiança irrestrita em Deus e na vida.
Caminhos não percorridos prosseguem sempre como incógnitas desafiadoras.
(José Geraldo Rabelo. Psicólogo holístico. Psicoterapeuta
espiritualista. Parapsicólogo. Filósofo clínico. Escritor e palestrante.
E-mails.: rabelojosegeraldo@yahoo.com.br e/ou
rabelosterapeuta@hotmail.com)
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