terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A psicologia da violência policial

Poder-se-ia dizer que, axiologicamente, a Polícia Militar tem perdido parte de suas finalidades. Hoje em nossas cidades, instalou-se o medo generalizado como meio coercitivo. Nicolau Maquiavel dizia que “há uma dúvida se é melhor sermos amados do que temidos. Como é difícil juntar as duas coisas, é preferível que sejamos temidos”. Na tentativa de entender a doutrina que parte da polícia tem adotado em relação ao cidadão, eu modificaria o pensamento de Maquiavel: “Já que é impossível sermos amados, sejamos temidos”. Talvez isso explique o alarmante índice de crimes de pistolagem e outras mazelas praticadas por policiais. A Teoria do “Broken Windows” (janelas quebradas) pode, de maneira inversa, aplicar-se ao crescimento da violência policial. Por esta teoria, se um indivíduo quebra a janela de sua casa e você nada faz, depois ele volta e quebra a sua porta, até tomar a casa inteira. Quando começaram os primeiros casos de execução sumária em Goiás, a maioria desinformada de nossa sociedade dava de ombros dizendo que “ao menos estavam matando bandidos”. O Judiciário, sob o mesmo  argumento, absolvia e absolve criminosos portadores de distintivos. A violência que se iniciou nos bairros periféricos, contra pessoas pobres, agora não faz distinção. Houve a “democratização do mal”. Absolvidos social e judicialmente, os facínoras deixam a sociedade amedrontada e o “cidadão de bem” fica sem saber a quem temer mais, se ao bandido comum ou aquele travestido de agente da segurança pública.
(Deusamar Borges Cardoso, advogado, escritor, jornalista, e-mail: deusamarcardoso.escritor@gmail.com)

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