Além da conferência, evento contou com apresentações de trabalhos científicos, mesa-redonda e minicursos
Ainda repercute na Universidade Paranaense – Unipar, Unidade de
Cascavel, a presença da psicóloga Ana Mercês Bahia Bock, conferencista
que abriu o 12º Simpósio de Psicologia, evento que contou com a
participação de estudantes de toda a região. Autora de livros de
referência na academia, Bock iniciou falando de escolhas, que permitem a
identificação do eu, e de sofrimentos psíquicos – algo que vai aparecer
na história e dizer quem o sujeito é, de que forma o seu jeito tem a
ver com a sociedade em que vive. “A gente se perde quando não percebe o
que está à volta”, refletiu.
Ao fazer um histórico do curso, lembra que surge a partir da Lei
4119/62, representando uma demanda social: “Devida à modernização do
país agrário tem início os testes psicológicos, forma objetiva de
selecionar, diferenciar e categorizar pessoas. A industrialização anseia
em colocar o homem certo no lugar certo, processo que foi alimentado
pela elite”.
Segundo explanou, na ditadura a psicologia foi aberta para a camada
média, crescendo como categoria profissional. “Não havia diversidade de
intervenções e ações; ganhamos a certidão de nascimento sem que a
criança tivesse nascido”.
Seu propósito foi, além de refletir sobre o que é psicologia, pensar
qual é sua contribuição social. A psicóloga explica que, quando a
ciência começava a engatinhar, no cenário nacional crescia o movimento
social contra a ditadura e anistia, e, neste contexto, as aulas
permitiam a reflexão de ideias de esquerda, progressista, levantando ao
questionamento de que psicólogo quero ser e a quem servir.
Bock ainda fundamenta que as práticas precisam ser pesquisadas,
inseridas nas grades curriculares e, independente de ênfase, é preciso,
em primeiro lugar, saber qual a realidade que posso contribuir para a
transformação, capaz de ousar falar, de refletir sobre um problema e
fazer uma leitura do que acontece ao entorno.
“Por que ficamos de costas para a realidade social?”, indagou,
esclarecendo: “Porque não precisamos dela, temos concepção universal e
abstrata do sujeito. Precisamos rever a concepção de fenômeno
psicológico e nos aproximar da concepção real da psicologia para um país
digno. Saber o que o sujeito pensa e deixar que nos ensine primeiro
quem é ele, para olhar a queixa que nos apresenta”.
Além da palestra ‘Os caminhos da Psicologia, o Simpósio contou com o
conhecimento da psicóloga Cynthia Borges de Moura, que abordou o tema
‘Recursos lúdicos na psicoterapia infantil’. Ressaltou que, por meio dos
jogos, é importante identificar formas de comemoração (abraço de urso,
beijo de esquimó, de borboleta, massagem nos pés e ombros, cafuné nos
cabelos) e verbalizações, com o objetivo de a criança aprender o que
significam os sentimentos e quais reconhece nela.
Teve também mostra de painéis de estágio, apresentações de trabalhos
científicos, mesa-redonda envolvendo discussões sobre adolescente em
conflito com a Lei, e minicursos, discorrendo assuntos como ‘avaliação
neuropsicológica’, ‘medicalização, TDAH, dislexia e outros
diagnósticos’, ‘treinamento e desenvolvimento de pessoas’, ‘vivências em
psicologia corporal’ e ‘técnicas de relaxamento e massagem para bebê e
criança em situação de risco’.
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