Arthur X - O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Imperatriz
A ÚNICA FORMA DE CHEGAR AO IMPOSSÍVEL É ACREDITANDO QUE É POSSÍVEL
De Lewis Carroll em Alice no País das Maravilhas.
De Lewis Carroll em Alice no País das Maravilhas.
Autoriza o árbitro! Rola a bola na Avenida.
Começa a decisão do carnaval carioca. Doze Escolas estão na briga! Vila
quer buscar o feito do último campeonato. Império da Tijuca está na
primeira divisão. Mocidade e São Clemente jogam na defesa. Ilha cadencia
o jogo! Mangueira e Portela tentam a posse de bola pela intermediária. A
sobra é da Grande Rio que chuta pro gol mas bate na zaga do Salgueiro. A
torcida grita! Tijuca dispara pela ponta esquerda mas é desarmada pela
Beija-Flor. Que jogada! Imperatriz domina com categoria, faz a finta e
levanta a torcida. Quanta habilidade! Imperatriz cruza o meio de campo,
deixa a marcação pra trás e parte em arrancada na direção do gol. O gol é
o seu portal! Ela cruza o gol, abre os portões da poesia e mergulha, de
braços abertos, na ilusão de um carnaval.
Diante da imaginação
permissiva ela não se assusta. Sente-se confortável com o mundo novo
que se descortina diante de seus olhos. O País do futebol, que até então
muitos falavam, de fato existia e ela estava lá.
Nessa pátria de
chuteiras, a nobre representante do carnaval toma conhecimento de
histórias populares. Curiosidades em torno da existência de um rei de
pernas tortas, fatos sobre a coroação de um rei negro. Porém, dentre as
muitas histórias, uma lhe desperta interesse: Arthur X havia nascido
plebeu em um subúrbio do país do futebol. A família Antunes Coimbra
estava feliz e não conteve a ânsia de espalhar a notícia. Em tempo,
damas, bufões, soldados e plebeus espalhavam o ocorrido pelas casas
simples da rua Lucinda Barbosa.
O passar dos anos
encarregou-se de transformar o plebeu em rei. Suas conquistas e lutas
pessoais lhe conduzem ao trono. Travou e venceu batalhas. Foi
condecorado com a farda verde e amarela – a mais alta patente dada a um
combatente do país do futebol. Sagrou-se campeão trajando vermelho e
negro nas disputas mundiais do octogésimo primeiro ano do século em que
vivia. Foi coroado! Rei coroado no templo do futebol. E por ser soberano
de uma nação popular, espalha-se a fama e a grandeza de suas glórias.
Diante da história
que corre na boca de nobres e plebeus, aumenta o interesse da Imperatriz
sobre o rei. No afã de encontrá-lo toma conhecimento da realização de
competições que animavam as massas, tendo tal evento o título de
"disputas dominicais." Realizadas em um lugar, que ficou popular como
"Templo do futebol" – espécie de arena erguida em torno de um vasto
campo verde – onde o povo se encontrava e se dividia em diferentes
torcidas.
Junto à multidão que
se espremia pode observar a chegada de combatentes de bandeiras e cores
distintas. Gente que vinha desafiar os cavalheiros do Rei. Avistou ao
longe um brasão que como símbolo ostentava uma "estrela solitária".
Ouviu os gritos de euforia que precederam a passagem de uma nobreza
fidalga vestida em verde, encarnado e branco. Pôde ouvir o toque que
anunciava o atracar de uma caravela portuguesa junto ao porto e o
delírio dos que aguardavam sua chegada
Em meio ao povo que
vibrava, não obteve sucesso na tentativa de aproximar-se do soberano.
Porém pôde ouvir o anúncio de que o reinado de Arthur X entraria em
festa: O aniversário do Rei seria comemorado no auge dos festejos de
Momo que estavam por vir. Nobres de nações estrangeiras por onde seus
feitos haviam ganhado fama já confirmavam presença e enviavam presentes.
Do outro lado do mundo, onde se fazia noite quando aqui era dia e dia
quando aqui era noite, a imagem do rei era esculpida em ouro.
No dia em que
completava anos, os clarins faziam ecoar uma melodia ritmada que aludia a
"vencer, vencer, vencer!" Seus súditos em festa vestiam o vermelho e o
preto – as cores do manto sagrado que o Rei tinha predileção. Ela, a
Imperatriz, ordenou que sua corte vestisse sua melhor roupa feita em
verde, branco e ouro – talvez Arlindo, talvez Rosa – e viesse em
cortejo, tecer honras ao monarca. Fez soar a bateria. Chocalhos,
tamborins, surdos e cuícas embalaram o momento sublime. Ao Rei, como
presente, a Imperatriz ofereceu-lhe valiosa jóia: sua coroa, feita em
ouro e pedras verdes. Diante do feito, o povo de Ramos saúda o rei.
Ele, dispensando o tratamento destinado aos soberanos, sorri, quebra o protocolo, e responde:
-Sem formalidades! É carnaval. Podem me chamar de Zico!
CARNAVALESCO: CAHÊ RODRIGUES
TEXTO DE: LEANDRO VIEIRA | COLABORAÇÃO: FAMÍLIA ANTUNES COIMBRA
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ARTHUR X - O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Imperatriz
Compositores: Elymar Santos, Guga, Tião Pinheiro, Gil Branco
e Me Leva
Intérprete: Wander Pires
e Me Leva
Intérprete: Wander Pires
O dia chegou!
Em meus olhos, a felicidade.
Te fiz poesia, pra matar a saudade...
Imperatriz vai me levar
A um reino encantado,
Um menino a sonhar...
Cresceu driblando o destino,
Venceu as barreiras da vida...
Fardado nas cores da nação,
Armado de raça e paixão,
Nos pés, o poder!
Vencer, vencer, vencer!
Em meus olhos, a felicidade.
Te fiz poesia, pra matar a saudade...
Imperatriz vai me levar
A um reino encantado,
Um menino a sonhar...
Cresceu driblando o destino,
Venceu as barreiras da vida...
Fardado nas cores da nação,
Armado de raça e paixão,
Nos pés, o poder!
Vencer, vencer, vencer!
"Oô", o povo cantava...
Domingo, um show no gramado!
Com seus cavaleiros, Arthur se tornava
O "Rei do Templo Sagrado"!
Domingo, um show no gramado!
Com seus cavaleiros, Arthur se tornava
O "Rei do Templo Sagrado"!
Caminhando mundo afora...
O seu passaporte, a bola!
Da Europa ao Oriente,
Grande "Deus do Sol Nascente",
Outros reinos conquistou...
À sua pátria amada, então, voltou.
Hoje, mais do que nunca é o seu dia,
Vamos brindar com alegria,
Trazer de volta a emoção.
Com toda humildade, vem ser coroado,
Vestir o meu manto verde, branco e dourado!
Quem dera te ver por mais um minuto,
Na arquibancada, todo mundo canta junto:
O seu passaporte, a bola!
Da Europa ao Oriente,
Grande "Deus do Sol Nascente",
Outros reinos conquistou...
À sua pátria amada, então, voltou.
Hoje, mais do que nunca é o seu dia,
Vamos brindar com alegria,
Trazer de volta a emoção.
Com toda humildade, vem ser coroado,
Vestir o meu manto verde, branco e dourado!
Quem dera te ver por mais um minuto,
Na arquibancada, todo mundo canta junto:
Da-lhe, Da-lhe, Da-lhe Ô
O show começou!
Da-lhe, Da-lhe, Da-lhe Ô
Um canto de amor!
Imperatriz me faz reviver...
Zico faz mais um pra gente ver!
O show começou!
Da-lhe, Da-lhe, Da-lhe Ô
Um canto de amor!
Imperatriz me faz reviver...
Zico faz mais um pra gente ver!
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Muito prazer, Eu sou a Imperatriz!
"A semente germinou, do Recreio então brotou nossa escola de samba"
A história do G.R.E.S Imperatriz Leopoldinense, ao longo dos seus 50 anos de existência, é marcada pelo pioneirismo das realizações feitas por esta agremiação. A idéia de se fundar uma escola de samba na Zona da Leopoldina, se deu pelo fato de que era preciso ter na região uma entidade carnavalesca à altura do Recreio de Ramos e cujos freqüentadores eram integrantes da mais alta estirpe musical da cidade: Armando Marçal, Pixinguinha, Villa-Lobos, Heitor dos Prazeres, Bidê (Alcebíades Barcelos), Mano Décio da Viola e outros mais.
O articulador de tal empreendimento foi Amaury Jório, que reuniu no dia 6 de março de 1959, na sua própria casa na Rua Euclides Faria 22, em Ramos, um número de sambistas para criar a escola de samba. Cada um ali reunido opinou para a criação dos símbolos que marcariam e identificariam essa nova entidade carnavalesca. Jório deu a sugestão de que a área de atuação da recém fundada escola, a Leopoldina, fizesse parte do nome; articulação está para agregar as variadas agremiações carnavalescas do bairro.
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Manoel Vieira deu nome de Imperatriz Leopoldinense e as cores verde e branco foram sugeridas por Venâncio da Conceição. O esboço do maior símbolo da agremiação, seu pavilhão, foi idéia de Agenor Gomes Pereira e a madrinha do seu batismo, prática comum entre as escolas de samba, foi o Império Serrano.
Escola fundada, agora a meta era a preparação do carnaval; o caminho foi a adoção ao longo de sua trajetória de enredos que tivessem uma temática histórico-cultural. Vale lembrar inclusive que a Imperatriz Leopoldinense foi a primeira escola de samba a possuir um Departamento Cultural – fundado por Hiram Araújo em 1967 – com o propósito de auxiliar na confecção dos enredos e realizar atividades educativas com os integrantes. Seus ensaios eram realizados inicialmente na Rua Paranhos 227, casa de Pedro Alcântara Diniz, depois passaram para o número 315 onde funcionava o Clube Paranhos.
O primeiro carnaval, em 1960, teve como enredo Homenagem à Academia de Letras que alcançou um honroso sexto lugar. O primeiro título, no carnaval de 1961, com o enredo Riquezas e maravilhas do Brasil serviu para que novas mudanças acontecessem na trajetória da agremiação; um grande número de componentes oriundos dos blocos e agremiações carnavalescas da região começava a integrar os quadros da escola, era o sonho de Jório ganhando proporções! A existência de uma sede oficial, situada na Rua Professor Lace 235, foi a consolidação deste sonho; foi na gestão de Antônio Carbonelli que se realizou tal feito.
Um acontecimento que marcou muito a vida da escola e serviu para projetar seu nome aconteceu em 1972. Dias Gomes procurava uma escola de samba para servir de cenária para a novela "Bandeira 2" da TV Globo. Após muitas indas e vindas, a escolha recaiu sobre a Imperatriz, uma então modesta escola da Zona da Leopoldina. A história tratava do amor de dois jovens, filhos de famílias inimigas. Uma livre adaptação da imortal história de Shakespeare "Romeu e Julieta" ambientada no universo suburbano carioca. O principal personagem acabou sendo encarnado por Paulo Gracindo, que até então havia interpretado quase sempre personagens ricos e sofisticados. Seu desempenho como bicheiro Turcão teve imensa aceitação popular e significou sua consagração na televisão.
Na história, Zé Catimba, compositor da Imperatriz, foi representado por Grande Otelo. O samba-enredo "Martim Cererê" acabou entrando para a trilha sonora da novela – um fato pioneiro – e ajudou a tornar a Imperatriz conhecida em todo o Brasil. Um fato sobre "Bandeira 2" que merece ser destacado é que anos depois, Dias Gomes adaptou a história para o teatro, nascendo assim o musical "O Rei de Ramos", que estreou na reinauguração do Teatro João Caetano, em 1979, com músicas de Chico Buarque e Francis Hime.
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Mas os anos se passaram e a Imperatriz Leopoldinense oscilava entre bons e maus resultados nos seus desfiles. Tamanha inconstância fez com que Amaury Jório trouxesse para a agremiação, alguém capaz de administrar a escola e colocá-la no patamar competitivo com as demais que já existiam. Luiz Pacheco Drumonnd, o Luizinho – como era chamado por Jório – foi o nome escolhido. Com sua capacidade empreendedora, Luizinho tomou medidas decisivas para transformar a escola em uma grande agremiação, não em importância histórico-cultural, pois, isso a história de sua fundação já se incumbiu; mas sim uma importância ligada a notoriedade que fosse vinculada às vitórias.
Para tal, Luizinho comprou a quadra, alugou um galpão para a confecção das alegorias e contratou o renomado carnavalesco Arlindo Rodrigues para o desenvolvimento dos enredos da escola! A conjunção de tais medidas só poderia render bons resultados e que não tardaram a chegar. E assim vieram os títulos de 1980 com enredo O que a Bahia tem e o de 1981 O teu cabelo não nega. Daí para frente a Imperatriz se firmava entre as grandes escolas de samba do Rio de Janeiro.
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Arlindo permaneceu na escola, consecutivamente, entre os anos de 1980 até 1983, realizando grandiosos carnavais, o que serviu para dar a escola uma característica artística ligada às tendências mais barrocas. No carnaval de 1984, com um enredo Alô Mamãe, criticando a então conjuntura político-econômico brasileira – assinado pela carnavalesca Rosa Magalhães – e mesmo passando por algumas dificuldades, a escola conseguiu um quarto lugar. Entre os anos de1985 até 1988, a escola oscilou entre desfiles e posições que não renderam resultados tão significativos.
Mais uma vez numa atitude empreendedora, Luiz Pacheco Drumond, trouxe para escola o carnavalesco Max Lopes para cuidar das questões artísticas e Wagner Tavares de Araújo, para o cargo de diretor de carnaval. Mudanças feitas, os resultados voltaram a aparecer; em 1989, a Imperatriz Leopoldinense se consagra como campeã do carnaval com um enredo histórico, sua marca principal, falando sobre o centenário da Proclamação da República, Liberdade, Liberdade abre as asas sobre nós. A partir e então a escola adotou uma forma de desfile que visava atender as necessidades e obrigatoriedades dos quesitos a serem julgados; o que lhe rendeu os termos de "escola técnica" ou "a certinha de Ramos".
Os anos noventa foram marcados por outras vitórias e resultados significativos! No carnaval de 1991, com o enredo O que a banana tem do figurinista e carnavalesco Viriato Ferreira, a escola obteve a terceira colocação. Para o carnaval de 1992, a escola contou com a (re)contratação da renomada carnavalesca Rosa Magalhães.
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Em resumo a história da Imperatriz Leopoldinense foi construída pela tríade do idealismo, empreendimento e pioneirismo; respectivamente ligados à Amaury Jório, Luiz Pacheco Drumonnd e suas realizações ao longo da história do carnaval.
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