A participação das termoelétricas a diesel e a óleo combustível, as mais caras do sistema, na produção de energia
elétrica no país tem crescido ano a ano. O peso dessas térmicas na
geração aumentou praticamente 286% em apenas dois anos, segundo dados
divulgados recentemente pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) sobre o setor elétrico brasileiro.
Em 2011, a fatia das térmicas a óleo combustível e diesel na geração de energia
foi de 0,7%. No ano seguinte, o porcentual subiu para 1,3%. Em 2013,
essas duas fontes alcançaram 2,7% da geração, praticamente quatro vezes a
participação verificada há dois anos.
A maior participação das usinas a diesel e a óleo combustível mostra que essas usinas estão operando mais tempo do que o previsto quando foram contratadas nos leilões de expansão do governo.
O presidente da Associação Brasileira de Geração Flexível (Abragef),
Marco Antônio Veloso, afirmou que esses projetos foram concebidos para
operar durante 15% do tempo ao longo do ano. "Mas essas termoelétricas
estão operando cerca de 60% a 70% do tempo", comentou o executivo.
Risco
A operação por um prazo mais longo do que o previsto aumenta o risco de falha dos equipamentos, o que pode fazer com que se tornem indisponíveis no momento em que o sistema elétrico mais precisa, como agora, em que o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas aumenta o risco de racionamento. "Tem usina que já precisa passar por uma manutenção preventiva, mas não querem que as térmicas sejam desligadas", relatou Veloso. De maneira geral, os motores das usinas passam por uma grande manutenção preventiva após 12,5 mil horas de uso.
A operação por um prazo mais longo do que o previsto aumenta o risco de falha dos equipamentos, o que pode fazer com que se tornem indisponíveis no momento em que o sistema elétrico mais precisa, como agora, em que o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas aumenta o risco de racionamento. "Tem usina que já precisa passar por uma manutenção preventiva, mas não querem que as térmicas sejam desligadas", relatou Veloso. De maneira geral, os motores das usinas passam por uma grande manutenção preventiva após 12,5 mil horas de uso.
Mas essa não é a única preocupação dos geradores térmicos. O aumento do preço do óleo combustível nos últimos anos tem dado dor de cabeça
aos investidores, que trabalham para evitar que a operação das usinas
dê prejuízos. Em janeiro deste ano, a Petrobrás, principal fornecedora
do insumo, elevou em 15% o preço do óleo combustível, pressionando ainda
mais as margens das companhias.
Diante desse cenário, Veloso revelou que já há comentários no setor de
que geradores estariam buscando a importação de óleo combustível, cujo
preço no exterior estaria mais barato
do que o praticado pela Petrobrás. Porém, isso ainda não se refletiu na
balança comercial do país. Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que não houve importação do insumo em janeiro.
O crescimento do peso
das térmicas a óleo acompanha o movimento de expansão da geração
termoelétrica no Brasil, em razão das fracas chuvas que vêm
caracterizando os períodos úmidos desde o quarto trimestre de 2012.
Enquanto a participação das hidrelétricas na geração de energia do país
recuou de 91,2% em 2011 para 79,2% em 2013, a fatia da produção das
térmicas cresceu de 8,4% para 19,8% no período, com destaque para a alta
da geração a gás natural (de 2,7% para 11,2%).
Reflexo na balança
O acionamento de usinas térmicas a óleo diesel também já afeta a balança comercial brasileira. As importações do combustível tiveram um salto de 40% na passagem de dezembro para janeiro, mês em que as termoelétricas movidas a óleo diesel começaram a ser acionadas.
Em dezembro, o Brasil importou 797.624.138 quilogramas (kg) de óleo
diesel, ao custo de US$ 735,54 milhões. Em janeiro, o volume passou para
1.116.821.012 kg (US$ 1,036 bilhão), segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
"A gente já importa muito óleo diesel, mas, com as térmicas ligadas, a
Petrobrás está sendo obrigada a importar ainda mais", disse Adriano
Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). "Esse
aumento (na importação) é puxado pelas térmicas mesmo."
"Eu vejo um problema sério do impacto das térmicas na recomposição da balança comercial.
Boa parte da importação de óleo em janeiro era para termoelétricas. E
as térmicas vão continuar pressionando a balança, porque São Pedro ainda
não ajudou", alertou o economista Pedro Paulo Silveira, diretor da
gestora de recursos Vetorial Asset Management.
Até domingo, o nível dos reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste
estava em 34,63%, um dos piores níveis desde 2001, quando houve o
racionamento. No Nordeste, o armazenamento era de 42,17%, segundo dados
do ONS.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo
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